dimanche 21 mars 2010

BUNDAMOLISMO

Info Audiência Plano Diretor de Floripa
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2010/03/467968.shtml
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2010/03/467906.shtml
Lembrando que na terça (23) tem manifstaçao contra o plano diretor dos "empresarios-encimentadores" de floripa, em frente à camara dos vereadores

SARNEY E EU

Algumas semanas atrás recebi um email sobre uma manifestação na frente
do Congresso Nacional pedindo “Fora Sarney”, na hora fiquei bastante
animado, encaminhei o email para toda a minha lista de contatos e
pensei que finalmente as pessoas iriam se indignar e reagir à tanta
sujeira.
No dia da manifestação me bateu uma preguiça... Após um longo dia de
trabalho o cansaço me venceu, e afinal, quem iria sentir a minha
falta?

No dia seguinte eu procurei eufórico nos sites de jornalismo sobre a
tão falada manifestação que foi toda planejada em comunidades virtuais
e bastante divulgada pelo twitter. Para a minha surpresa não existia
nenhuma manchete, nem ao menos uma nota de rodapé . Resolvi entrar em
uma das comunidades do orkut que organizaram a manifestação, e para a
surpresa de todos, apenas cinqüenta pessoas se dispuseram a ir para a
frente do Congresso.
Apenas 50 pessoas? Sendo que eu sozinho divulguei para mais de 1000?
Que povo mais acomodado, pensei indignado, porque será que eles não
foram??....
Não demorou muito para a ficha cair. Eles não foram pelo mesmo motivo
que eu não fui. Eu esperava que “alguém” iria no meu lugar.

Recostei-me na poltrona em frente à televisão e olhei para a janela do
meu apartamento, que refletia a minha imagem. Fiquei olhando para mim
e para a minha confortável inércia. Foi quando de súbito, eu tive a
arrebatadora visão daquilo que sempre procurei e nunca encontrei, o
meu verdadeiro papel na sociedade.
“Que bunda- mole!!!”.
Finalmente, depois de tantos anos de crise existencial, pude perceber
que eu era uma peça importante na sociedade, um legítimo Bunda-mole
brasiliense(ou BMB). Existem bunda- moles municipais e estaduais, mas
eu tenho orgulho de dizer que sou um bunda-mole federal!!

Nas minhas viagens de férias sempre algum engraçadinho vinha falar:
“De Brasília né....já tem conta na Suíça?”. Eu ficava indignado,
falando que eu era um funcionário público concursado, que pagava os
meus impostos, enquanto o povo que roubava vinha de fora e blá blá
blá.

Mas agora eu vejo com nitidez que eu tenho um papel importante nesse
cenário. Eu como um legítimo BMB ajudei a criar esta barreira de
proteção que mantém os verdadeiros FDP livres para fazerem o que bem
entenderem. Eu acho que as coisas estão bem do jeito que estão. Tenho
dinheiro todo mês para pagar a prestação do meu carro 1.0 e do meu
apartamento de dois quartos, freqüento uma academia para queimar o meu
excesso de ociosidade, tenho meu smart phone comprado na feira do
Paraguai, e no final do ano ainda vou ficar um mês em uma casa de
praia alugada junto com a minha família para a incrível experiência de
assarmos como batatas na areia... Mais BMB impossível!!

Nas sextas-feiras, eu me sento com os meus amigos em um barzinho e
depois do terceiro copo de cerveja soltamos toda a nossa indignação
contra a patifaria que rola solta em Brasília, cada um conta um caso
de um amigo próximo que enriqueceu da noite para o dia às custas do
dinheiro público ( o difícil é disfarçar aquela pontinha de admiração
pelo “ixperto”). Depois traçamos os planos para endireitar o país.
Planos que vão embora pelo ralo do mictório antes de pagar a conta.
BMB de carteirinha!!

Os anos passam e as conversas vão mudando: PC Farias, anões do
orçamento, precatórios, privatizações, dólar na cueca, mensalão,
sanguessugas, vampiros, Lulinha Gamecorp, Daniel Dantas, o dono do
castelo, Petrobrás, e agora a cereja do bolo, ele, o único, o
inigualável Sarney!!

Sarney é como um ícone do atraso nacional (clientelismo, fisiologismo,
nepotismo, coronelismo, apropriação da máquina pública, desvio de
verbas públicas etc), mas o que seria do Sarney sem a legitimidade dos
BMB´s? O que seria da ilha da fantasia, dos cabides de emprego, dos
lobistas, do QI (quem indicou), dos cargos de confiança, dos
funcionários fantasmas, dos atos secretos sem a nossa apática
presença? Imaginem se no nosso lugar estivessem aqueles sul-coreanos
malucos que iam para a rua protestar partindo pra cima da polícia, ou
aqueles jovens em Seattle que furavam um forte esquema de segurança da
OMC para protestarem contra a globalização.

O BMB precisa ter o seu papel reconhecido, somos nós que deixamos tudo
correr frouxo, somos nós que damos uma cara de democracia a este
coronelismo em que vivemos. O nosso poder aquisitivo acima da média
nacional protege o Congresso e os palácios da miséria e da violência
que fervilham em nosso entorno.
Bunda-moles: Vamos exigir os nossos direitos!! Precisamos finalmente
mostrar a nossa cara. Nunca antes na história deste país o
bundamolismo foi tão grande. Seja ele de centro, de esquerda ou de
direita. Bundamolismo no movimento estudantil chapa-branca, nos
sindicatos que só vão para a frente do Congresso para pedir aumento e
nos artistas que se acomodaram no conforto dos patrocínios oficiais.

Vamos exigir que se crie em Brasília o museu do bundamolismo nacional
na esplanada dos ministérios, uma enorme bunda branca de concreto, que
irá combinar muito bem com a arquitetura de Niemeyer.
Assistimos de nossas poltronas o Brasil tomar o rumo da mediocridade,
sem um projeto à altura do seu papel de grande potência ambiental do
planeta, que pode liderar a nova economia limpa e inclusiva que irá
gerar milhões de empregos. Mas que faz o contrário, age como a eterna
colônia de exportação de matéria-primas, fazendo vista grossa para o
colosso chinês que irá nos engolir com a sua máquina movida à
destruição ambiental e desrespeito aos direitos humanos, para criar
uma efêmera ilusão de prosperidade às custas de nossa biodiversidade e
da nossa água doce (estes sim os nossos bens mais valiosos). Somos
testemunhas do surgimento de uma geração despreparada, tanto para a
cooperação quanto para a competição, sem espírito empreendedor, fadada
à eterna submissão ao “salvador da pátria” de plantão.

Assistimos de nossos computadores, quando estamos fazendo cera no
trabalho, ao maior atentado à democracia desde o golpe de 64, mas
desta vez o golpe não está sendo feito com armas. Está sendo feito com
a ridicularização das instituições, com a banalização dos escândalos,
com a desmoralização da ética e com a idiotização do contribuinte.
A bundamolização é muito mais eficaz do que o autoritarismo, ela pode
ser eletrônica, através de novelas, videocassetadas, big brotheres e
cultos picaretas. Pode ser química, com cerveja, maconha ou
anti-depressivos. E também pode ser ideológica, com receitas
milagrosas, e debates calorosos que sempre desaparecem em um clicar de
mouse. Vivemos em uma sociedade anestesiada e chapada, sem rumo,
imersa em ilusões baratas.

O bundamolismo nos une, não segrega ninguém, é a democracia
verdadeira, que brilha por debaixo de uma crosta de hipocrisia e
ignorância. E como toda ideologia que se preze, nós temos o nosso
avatar, o nosso guru. Aquele que nos trás para a realidade e mostra
quem realmente somos, revela o nosso eu profundo, a nossa essência.
Obrigado Sarney, só você para tirar as minhas dúvidas e me mostrar o
mundo real por trás das ilusões.

Sarney, nós somos duas faces da mesma moeda. Somos Yin e Yang. Nós
somos os pilares deste país, um não existiria sem o outro. A sua cara
de pau só existe porque do outro lado está a minha babaquice.
Bunda-moles de todo o país uni-vos! Vamos celebrar a nossa
mediocridade, vamos sair às ruas gritando: Viva Lula!, Viva Sarney! Viva Collor!
Viva Maluf! Viva Roriz! Viva Renan Calheiros! Viva Jader Barbalho!
Viva Romero Jucá! Viva Delúbio! Viva o presidente que não viu nada!
Viva a República das bananas do Brasil!

Mas isso é pedir demais para um bunda-mole, vou voltar para a minha
poltrona porque o Jornal Nacional já vai começar.

*Por Adelécio Freitas (um BMB legítimo).

mercredi 10 mars 2010

life runs in cycles, history runs in cycles, economie runs in cycles : we know what's coming next!

Somewhere between AMY and LENNON... but not in England, yet!

AMY WINEHOUSE - Wake up alone

It's okay in a day, I'm staying busy
Tied up enough so I don’t have to wonder where is he
...
I stay up clean the house
At least I'm not drinking
Run around just so I don't have to think about thinking
That silent sense of content
That everyone gets
Just disappears soon as the sun sets

His face in my dreams, seizing my guts
He floods me with dread
Soaked to the soul
He swims in my eyes by the bed
Pour myself over him
Moon spilling in
And I Wake Up Alone

Bothers my heart
I'd rather be restless

BEATLES - With a little help of my friends

What would you think if I sang out of tune,
Would you stand up and walk out on me.
Lend me your ears and I'll sing you a song,
And I'll try not to sing out of key.
Oh I get by with a little help from my friends,
Mmm,I get high with a little help from my friends,
Mmm, I'm gonna try with a little help from my friends.

Do you need anybody?
I need somebody to love.
Could it be anybody?
I want somebody to love.

What do I do when my love is away.
(Does it worry you to be alone)
How do I feel by the end of the day
(Are you sad because you're on your own)
No, I get by with a little help from my friends,
Mmm, get high with a little help from my friends,
Mmm, gonna to try with a little help from my friends

Would you believe in a love at first sight?
Yes I'm certain that it happens all the time.
What do you see when you turn out the light?
I can't tell you, but I know it's mine.
Oh, I get by with a little help from my friends,
Mmm I get high with a little help from my friends,
Oh, I'm gonna try with a little help from my friends

Do you need anybody?
I just need someone to love.
Could it be anybody?
I want somebody to love

mercredi 20 janvier 2010

Heavy New Year...!

FOUND : Modeste Moussorgski (Thanks Thijs)

LOST : That one more pill to kill the pain nananana nananana nananana...



QUOTE High Fidelity (2000) :

Rob: What came first, the music or the misery? People worry about kids playing with guns, or watching violent videos, that some sort of culture of violence will take them over. Nobody worries about kids listening to thousands, literally thousands of songs about heartbreak, rejection, pain, misery and loss. Did I listen to pop music because I was miserable? Or was I miserable because I listened to pop music?

* * *

Dick: I guess it looks as if you're reorganizing your records. What is this though? Chronological?
Mil: No...
Dick: Not alphabetical...
Mil: Nope...
Dick: What?
Mil: Autobiographical.
Dick: No fucking way.
Mil: "...!"

dimanche 17 janvier 2010

Back from Amsterdam

Music : Stravinsky - Le Sacre du Printemps

Vou-me Embora pra Pasárgada (Vim-me embora de Pasargada...)
Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

mardi 8 décembre 2009

Water Peace


SOUND TRACK: Pedra Branca (SP/Brazil)
http://www.deezer.com/fr/#music/pedra-branca

FOUND : Nirvana Meditation Orchestra
http://www.deezer.com/fr/#music/nirvana-meditation-orchestra

MELVINS @ Glazart - Paris
http://www.youtube.com/user/mildred420

Pra desbaratinar às 3h30 da manhã, ouvindo Tom Jobim : Shakespeare "Romeo and Juliet"

dimanche 6 décembre 2009

Lascivious Time

Sound Track : Alamaailman Vasarat (saudades......!)
-
"done" : Qu'est-ce que la propriété ? Pierre-Joseph Proudhon (Livro em português "A propriedade é um roubo")
-
next one : écologica - Andre Gorz
-
Image : Expo (Paris) - Squat La Petite Roquette

dimanche 22 novembre 2009

I feel free



Construção
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague